A personagem de muitos dos meus textos volta a entrar em cena. Apesar de ser a mais nova dos irmãos, minha mãe também foi criada no interior, em meio a plantações e animais. Além do amor pelo mato, outra paixão que ela mantém bem forte até hoje é a pelos animais. Dias desses, em uma conversa na mesa, me contou que quando era pequena tinha uma galinha de estimação. Cláudia era o nome. Com o brilho nos olhos, me contou que a ave ia com ela para a escola. E pasmem, a galinha fazia parte até das apresentações junto. “Na música Bota Aqui o Seu Pézinho, eu mexia os pés e ela ficava ciscando”, lembrou, em uma viagem espetacular ao seu passado, enquanto eu achava a maior graça da situação inusitada.
Bom, a história não para por aí. Minha mãe já teve uma porquinha de estimação, a Olívia, e hoje tem uma pata de estimação, a Marcela, sua fiel (e bicuda) companheira. A integrante da família gosta da nossa companhia (menos a da minha irmã - afinal duas bicudas não se bicam, dizem por aí) e sempre quer estar por perto. Segundo a minha mãe, ao acariciar e beijar a pata, o estresse dela vai todo embora. Ela simplesmente reinicia. Eis mais um superpoder dos animais de estimação: nos fazer relaxar depois de um dia tenso e cansativo. Eles colaboram para mantermos a nossa saúde mental em dia e não entrarmos em surto. De início pensei: “Socorro! Minha mãe tem uma pata.” Agora já penso diferente: “Ainda bem que minha mãe tem uma pata”.
E os nossos bichinhos, sejam peludos, emplumados, escamados ou como for, têm muito a nos ensinar. Tanto que os seres pensantes parecem ser eles e até precisam contratar adestradores de humanos para nos colocar nos eixos. Os animais são especialistas em simplicidade e autenticidade. Eles nos mostram que devemos aproveitar o momento presente, assim como eles, sem se preocupar tanto com o que já passou ou com o que virá. Desaceleramos quando sentamos no chão para ficar com o nosso cachorrinho ou mesmo quando ficamos admirando o gato se divertindo com o brinquedo novo.
Sem falar na lealdade e companheirismo deles. Nossos animais de estimação nos lembram que a verdadeira amizade e lealdade podem superar muitos perrengues. A alegria de chegar em casa e ser recebido com o amor mais genuíno do mundo não tem preço. Conforme vamos convivendo com eles, percebemos quantas lições valiosas que podemos levar para a nossa vida. E os animais não precisam falar a nossa língua para se comunicar conosco. Eles nos dão aula com a linguagem universal, a de amar sem pedir nada em troca. Inclusive, eles vivem menos justamente porque já nascem sabendo amar de uma maneira que nós levamos uma vida inteira para aprender.
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