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Por onde anda a empatia?

Foto do escritor: Romila AmaralRomila Amaral


Um homem cego, com passos curtos e devagar tentava atravessar a rua. Várias pessoas estavam atravessando, olhavam para ele e seguiam, ninguém parava. Mal conseguia caminhar com a ajuda de uma bengala, com a outra mão segurava uma sacola. Eu estava no carro observando, na minha frente havia um outro carro, o motorista leu o meu pensamento, mas foi mais rápido do que eu, abriu a janela e pediu que alguém ajudasse o homem, uma mulher retornou e o ajudou. Lentamente atravessou a rua e seguiu o seu caminho.


Fiquei refletindo sobre a cena, as pessoas passavam, umas com passos largos quase correndo, outras caminhando, olhavam pra ele, mas não estendiam a mão, como se estivessem bloqueadas, ou talvez lhes faltasse algo raro, a empatia. Mesmo vendo a situação não foram capazes de se colocar no lugar, afinal de contas estavam lado a lado com o homem. Todos no mesmo barco, só que não, os que enxergavam, na verdade, estavam cegos pelas suas preocupações, compromissos, “vendados”, esquecendo que é preciso olhar para ver.


Por onde anda a empatia? Uma capacidade tão rara que poucos têm. É indispensável se colocar no lugar do outro, buscar viver a mesma situação, deixar de ser indiferente e abrir os olhos para o mundo. Gentilezas geram gentilezas. A empatia cria uma conexão forte entre pessoas, de respeito e benevolência. É um comportamento que ressalta a humanidade, que abraça almas e cura feridas mesmo não podendo enxergá-las.


Não foram as pessoas que estavam atravessando a rua que ajudaram o homem, a empatia não estava caminhando, estava dentro de um carro, no coração daquele que fez um sinal para que alguém pudesse ajudar. Foi neste momento que abri um sorriso, em meio a tanta gente que só pensa em si ainda existem aqueles que se importam com os outros, que olham e estão atentos aos detalhes e trazem em suas ações a generosidade de ajudar mesmo de longe e mesmo que o outro não possa ver.

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