É indispensável aproveitar a vida sem pensar no fim, dessa forma costuramos os fios do destino tentando não nos prender à ideia de que um dia iremos partir. Quando eu era criança tinha um medo danado de receber a tal visita indesejada, então eu perguntava para a minha avó como era o céu, com sinceridade ela dizia: “não sei te responder, nunca ninguém voltou de lá pra contar.”
Não sabemos para onde vamos, mas sempre que alguém carimba o passaporte para a viagem com destino desconhecido somos tomados por nostalgias. Sentimos saudades até dos defeitos, é nessas horas que nos damos conta de que faltou tempo, ou talvez nós não soubemos aproveitar as oportunidades oferecidas desfrutando de bons momentos ao lado daqueles que já partiram das nossas vidas.
Morrer é deixar saudades, quem fica jamais esquece. É um sentimento que não cicatriza, pulsa todas as vezes que abrimos a caixa da memória para recordar. Morrer é sair do campo de visão dos vivos, mas jamais do coração. A morte das pessoas que queremos bem traz uma dor inigualável, sem nome, com o tempo vai amenizando, mas machuca sempre que teimamos em questionar o porquê.
Por outro lado, quando a saudade invade os pensamentos nos presenteando com lembranças regadas de carinho é como se a pessoa nunca tivesse partido, e na verdade não parte, vive em nós. Não há despedida entre os que se amam, a morte leva o corpo, mas não separa as almas, o que nos torna eternos no coração de quem segue vivendo.
Desta vida não levamos nada, mas deixamos muito. Quem fica recorda, perde noites de sono, pede uma última chance para voltar no tempo, mas o tempo não volta, segue o curso. Quem fica sente saudades e é através deste sentimento que abraçamos as pessoas que amamos.
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