Por mais que tenhamos sede de viver, é necessário falar sobre a morte, até porque ela é a única certeza. Estamos tão acostumados com a vida e com o que ela nos proporciona, que morrer se torna algo distante, só lembramos da visita indesejada quando ela aparece decretando o final da jornada de alguém.
Esses dias eu estava refletindo sobre o quanto a morte é traiçoeira pelo fato de enganar. Lembrei de quando a minha madrinha adoeceu, e ficou exatamente como se estivesse em uma fronteira, depois de lutar muito, apresentou melhoras e comemoramos a vida, porém a morte chegou de manso e a levou.
Eu já escutei tantas histórias sobre isso, quando alguém está na divisa que separa a vida da morte, primeiro tem uma melhora súbita e a alegria mostra os dentes, mas logo depois, o riso se faz pranto, o que torna difícil o processo de superar a perda, pois a sensação que fica é a de que a vida havia dado uma chance, mas que não pôde ser aproveitada porque a morte foi mais rápida, entrando em ação sem piedade.
É estranho pensar que nascemos com um prazo de validade, que o relógio do tempo acelera e o trajeto vai ficando cada vez mais curto, até chegar ao ponto em que os nossos passos largos e sedentos por andar encerram a caminhada. O fato de saber que, um belo dia, a janela dos olhos se fechará para sempre é assustador, talvez a gente durma e acorde em um “outro mundo”, sei lá… É preciso refletir sobre a morte, mas é indispensável aproveitar a vida e tudo o que ela oportuniza. Quando chegar a hora, com ou sem artimanhas o nosso dever é partir, mas enquanto estivermos vivos, a regra é aproveitar cada segundo sem medo de ser feliz.
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