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Poesia e Reflexão - 06/11/2023: Nas entrelinhas da fofoca

Foto do escritor: Romila AmaralRomila Amaral


A fofoca pode ser comparada a uma bola de neve, conforme vai rolando, aumenta o tamanho, e ainda corre o risco de sofrer alterações durante o percurso. Em cada ouvido que chega vai contando o boato, muitas vezes, totalmente diferente da história real. Especular a vida alheia é a atividade preferida dos fofoqueiros, que jamais cansam as suas línguas, as pregas vocais trabalham afinando os fuxicos. São incansáveis na hora de passar adiante os babados bombásticos que colhem por aí.


O olhar corujeiro não descansa, mal pisca com medo de perder cada detalhe. Ouvidos sempre atentos e sedentos para escutar uma boa fofoquinha. No dicionário de um fofoqueiro não existe a palavra segredo, pedir silêncio é o mesmo que dizer para contar. O fato de não poder repassar o que escutou gera uma coceira na língua, na qual o único remédio é falar e falar, como se a boca fosse uma porta escancarada, que sem tramelas, deixa todas as informações passarem acariciando os ouvidos.


O “disse me disse” pode arruinar a vida de alguém, visto que o boato vai aumentando a ponto de ser a gota d'água que muda drasticamente a rotina do ser humano. “Vou falar só pra ti, mas não conta para o fulano, Deus o livre!” Assim nasce uma fofoca, mas é nas entrelinhas dela que mora o perigo. Falar da vida alheia de forma que possa prejudicar os envolvidos é agir de maneira cruel, ultrapassando os limites que separa a fofoca boa da má.


Tudo depende da intenção da pessoa e da maneira como ela vai levar o assunto. A fofoca pode ser saudável, fortalece laços quando é regada de boas risadas sem a finalidade de interferir negativamente na vida dos outros. O que preocupa é costurar fofocas com fios de desafetos, aí o babado vira dor de cotovelo, recalque, uma série de sentimentos que transformam o falatório em um grave problema para ambas as partes.

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