Fui surpreendido por um grande amigo com o pedido dele para eu ser o celebrante na cerimônia do seu casamento. Questionei várias vezes se ele e a então noiva tinham certeza absoluta de que eu seria a pessoa certa para tamanha responsabilidade. Não voltaram atrás e lá fui eu. "Vou falar sobre o quê?", pensei. Sobre o amor, lógico. Mas como não ser repetitivo diante tantos discursos que usam ele como assunto? Não inventei moda, decidi falar sobre a simplicidade do amor. Porque o amor é simples, nós é que gostamos de complicar.
Eu gosto de ler as respostas de crianças para perguntas que, para nós, adultos, são complexas demais, justamente porque vamos perdendo essa pureza da simplicidade infantil. Uma menina de cinco anos questionada sobre o que é o amor, não hesitou em responder: "amor é quando você perde um dente, mas não tem medo de sorrir, porque você sabe que seus amigos ainda vão te amar mesmo se tiver faltando uma parte sua". E sabemos que somos amados não é quando demonstramos as nossas qualidades para o outro, mas sim, quando ele descobre os nossos defeitos e ainda diz: “eu te amo mesmo assim”.
O amor é simples. E a simplicidade é bela. O que é puro e espontâneo que realmente nos encanta. E se tem outra virtude do amor é a de nos surpreender. Quanto mais se procura ele, menos se encontra. Porque o amor gosta de nos pegar desprevenidos. Ele não nos deixa ensaiar, porque o bonito dele é o improviso mesmo. Ele chega de surpresa e nos deixa sem reação. Ao mesmo tempo que nos tira o fôlego, o amor nos traz leveza, nos acolhe e nos acalenta. O amor é presença e calmaria. É liberdade para voar e segurança para se abrigar.
O amor mora nas coisas simples. Sentado no sofá jogando conversa fora. Em um cafuné demorado. Em um beijo roubado. Em um abraço apertado. Em um almoço em família. Em uma viagem sem destino. Em um sorriso sem motivo. Em um bilhete escrito à mão. Em uma flor arrancada. Em uma mensagem inesperada. Em uma piada sem graça. O amor significa muito mais do que palavras, mas principalmente, atitudes. Não é apenas o que o outro fala, mas o que o outro faz por nós. O amor é (e precisa) ser simples e leve. O amor pode nos dar borboletas no estômago, mas jamais pode nos sufocar. O amor não nos faz sofrer, mas sim, nos cura. O amor não nos tira a paz, ele só nos acrescenta. Caso contrário, precisamos repensar se é amor mesmo. O amor é simples. Nós é que somos complicados.
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