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Depressão: um caminho de angústias

Foto do escritor: Romila AmaralRomila Amaral


É estranho pensar que dois seres podem habitar um mesmo corpo, agindo de forma diferente, personalidades completamente opostas, que chamam a atenção pelo fato de uma delas ter chegado depois, fazendo morada no coração daquele que por algum motivo, em um momento de fragilidade caiu no poço fundo da depressão. Não é fácil conviver com uma versão triste de nós, como se estivéssemos sentados na plateia vendo a vida passar de uma maneira angustiante. Existem momentos em que a força para reverter a situação se faz presente, mas logo esmorece, deixando a sensação de plena solidão.


A depressão é um personagem que entra em cena no corpo com o intuito de ser protagonista. Vai encontrando formas de atacar as nossas defesas acertando profundamente nos pontos fracos, fazendo do raciocínio uma morada de aflições, como se fosse um labirinto sem saída, dando voz ao desespero que pode levar à morte. É uma tristeza profunda que alimenta o pensamento com inquietações, deixando sem ânimo pra nada.


A depressão desencoraja as pessoas, aos poucos tira o brilho do olhar, também a vontade de fazer atividades, trabalhar, de se divertir. É difícil conviver com o depressivo, compreendê-lo. Por mais que busque formas para alegrá-lo, nunca será o bastante nos momentos em que a tristeza veste a alma de desesperança, trazendo dor e sofrimento que interferem na qualidade de vida dos envolvidos.


A estrada é tortuosa, mas é possível sair dela. Não existe uma receita, cada pessoa tem o seu processo, o seu próprio tempo para reunir forças e lutar na guerra interna na qual o inimigo mexe com as emoções. É indispensável alimentar a mente com o desejo de vencer e se livrar de um personagem que busca se vestir de nós, que desbrava o corpo deixando o ser humano isolado e desanimado, que adoece a alma deixando marcas profundas. A depressão entra no jogo, mas é indispensável não deixar que ela dite as regras.

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