O que esperamos tanto? Talvez o final de semana ou o próximo feriado. O dia do salário cair na conta. A chegada do amor da nossa vida. Pode ser que aguardamos por quando tivermos mais tempo livre e menos cansaço. A estabilidade financeira, mental e espiritual. À espera de que os nossos sonhos saiam do papel. Quem sabe, “vivemos esperando dias melhores”, como canta Jota Quest numa das minhas canções preferidas. E como estamos esperando? Sentados e de braços cruzados? Estacionados? Ou arregaçando as nossas mangas e fazendo a nossa parte? Não importa se você espera por todas essas coisas - ou por nenhuma delas. Vamos seguir o conselho de um sábio e “não esperar esperando, mas esperar vivendo”. A vida é tão rara e ela não permite replay.
Esperamos tanto pela “hora certa” e esquecemos que a vida acontece sem data marcada. Um exemplo são os adesivos dos nossos cadernos na infância. Tivemos tanto dó de usá-los que provavelmente os cadernos foram descartados com eles intactos ou pouco aproveitados. Temos a mania de viver no condicional - “e se…” - e postergamos tudo para “uma hora dessas”. Eu me incluo na lista, vergonhosamente. “Precisamos marcar um café”. “´Precisamos viajar para aquela cidade”. “Precisamos conhecer aquele lugar”. “Precisamos visitar Fulano de Tal”. “Precisamos jogar conversa fora e esquecer que o relógio não para”. Quando? “Um dia desses”. “Quando der uma acalmada nos problemas”. “Quando conseguir uma brecha na agenda”. “Quando conseguir uns dias de folga”. De quando em quando a vida passa. E pode ser que chegamos no final e tenhamos só passado por ela.
A vida acontece sem hora marcada, nesses momentos triviais e que muitas vezes passam despercebidos por nossos olhos apressados e desatentos. O extraordinário acontece sem agendamentos, nas sutilezas do cotidiano. A beleza está nas coisas simples, na bênção do aqui e agora. Do “amanhã ou depois” não temos total controle. A vida não exige formalidades, protocolos ou programações prévias. Ela acontece, se você vivê-la intensamente ou apenas passar por ela correndo vagamente. E ela acaba sem pedir se você tem um espacinho na agenda.
OBS: meus amigos, caso eu esqueça disso e volte a dizer que “precisamos marcar um café”, me apresentem esse texto. Partiu! Só vamos! Sem hora marcada.
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