Já aceitei pouco por achar que era o que eu merecia. Já cobrei algo que deveria ser espontâneo. Já me desgastei por pensar que eu precisava aceitar migalhas de atenção. Já gostei de gente que não gostou de mim. Já mendiguei por amor alheio. Já esperei por algo que o outro nunca vai ter a capacidade de me entregar. Já precisei compreender, na marra, que o outro não vai ter responsabilidade sobre aquilo que eu sinto. Já precisei esconder a dor para fingir que não estava doendo.
Já gastei a minha energia com coisas que eu não tenho o poder de mudar. Já duvidei do meu potencial. Já me culpei por achar que a minha intensidade fosse um defeito de fábrica. Já me deixei espetar com cactos por achar que nasceriam rosas ali no meio. Já esperei barco no aeroporto. Já quis me colocar em lugares que nem me cabiam. Já fiquei cutucando as feridas e tirando as "casquinhas" do que estava cicatrizando. Já me acostumei com o pouco que recebia e achava que era o bastante. Já insisti no que só me machucava. Já me culpei pela escolha dos outros. Já coloquei no ombro do outro a responsabilidade de me curar. Já tive medo de ficar sozinho. Já cheguei a desacreditar no amor.
Mas agora também já entendi que nada vale mais do que a minha paz. Já compreendi melhor que a gente não perde o que não é nosso. Já aceitei que mereço ser feliz, sim. Já aprendi que permanece em nossa vida apenas quem e o que precisa realmente ficar. Já sei que a gente aprende a superar e que o que é forçado não vale a pena. Já percebi que o mais importante é deitar a cabeça no travesseiro com a consciência tranquila. Já captei que quanto menos expectativas, menos decepções também. Por fim, já conclui que a gente merece todo o amor e afeto que tenta dar aos outros.
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