Nesta semana encontrei uma pessoa que tinha acabado de retornar de uma viagem que fez sozinha até os Estados Unidos. Talvez pareça até loucura. Eu diria que representa muita coragem. “Sempre fui muito aventureira”, me explicou ela, incentivando para que eu também viaje, mesmo que seja aqui pelo Brasil mesmo. É necessário apenas uma coisa: permitir-se. Não quer dizer que será tudo tranquilo e não haverá momentos com frio na barriga, nervosismo e medo. Quer dizer que a gente precisa encarar eles mesmo assim.
Na semana retrasada participei do lançamento do livro póstumo do Flávio Luis Ferrarini, que eu tive a honra de prefaciar, em evento de aniversário do instituto sociocultural criado em homenagem a ele. A lição mais pontuada - e que inclusive é trazida na obra deixada pelo saudoso escritor - é que devemos ter coragem para encarar nossos medos. Permitir-se é ser corajoso e encorajar os outros. Permitir-se não é ausência de medo, é prosseguir mesmo com medo.
Permitir-se pode parecer desconfortável porque nos tira da nossa zona de conforto. Permitir-se desbravar o novo pode ser assustador. Permitir-se explorar o desconhecido nos deixa apreensivos. Permitir-se pode ser arriscado e perigoso. Permitir-se ter dias ruins pode transmitir que somos pessimistas. Permitir-se errar pode deixar à mostra as nossas fragilidades. Permitir-se descansar pode ser uma ameaça de improdutividade.
Mas é somente quando a gente se permite que podemos descobrir novos mundos e novas oportunidades. Somente quando nos permitimos viajar sem destino que encontramos nosso propósito. É apenas quando nos lançamos mar adentro que descobrimos a imensidão das águas. Quando saímos da mesmice de sempre, podemos desvendar novas possibilidades. Quando desligamos o piloto automático percebemos a vida com outros olhos, os da alma. E quando nos permitimos, nos tornamos mais corajosos. Para sonhar, acordar e agradecer. Para cair, levantar e se fortalecer. Para amar, se entregar e viver. Nos tornamos corajosos para encarar todos os nossos medos. Em um mundo de tantas proibições e mimimis, vamos seguir a letra do Lulu Santos e “vamos nos permitir!”
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