top of page

Coluna de Sexta - 23/06/2023: Elegância na alma

Foto do escritor: Gustavo Tamagno MartinsGustavo Tamagno Martins

“O que falta na vida é elegância”. Dispara um dos maiores atores da dramaturgia brasileira durante entrevista a um talk show. Ele prossegue o pensamento, explica que as pessoas confundem o conceito de elegância. Logo nos remetemos à aparência. Não tem nada a ver com a melhor roupa a ser vestida e qualquer aspecto visual, mas sim, na maneira como tratamos os outros. Bingo! Assino embaixo.


A elegância na alma nasce com a gente. Não se compra em lojas de grife e não se conquista frequentando restaurantes luxuosos. Muito menos se alcança puxando o saco dos seus superiores. Pouco importa o vinho caro que você degusta suavemente. A elegância na alma está engarrafada no respeito com o próximo. De nada adianta o perfume importado se você não deixa um bom cheiro por onde passa. Não interessa quantas línguas você fala fluentemente, se não tem um bom comportamento e não utiliza a linguagem do amor. Do que adianta ter sapatos de marca se viver pisando nos menos favorecidos.


Conheço muitas pessoas que vestem peças de estilistas conceituados, mas não doam um agasalho que não usam mais para quem precisa. Andam com carro do ano, mas não oferecem uma carona. Fazem trocentas cirurgias para deixar o corpo mais atraente e menos enrugado, mas sequer enxertam um pingo de sensibilidade. Sabem todas as regras de etiqueta, mas não cumprimentam o porteiro e a empregada doméstica. Mandam mensagens com versículos bíblicos para os amigos, mas gostam de infernizar a vida dos outros. Por outro lado, conheço muita gente que nunca viu um traje importado, mas tem o caráter como sua principal vestimenta. Gente que nunca frequentou uma escola, mas que tem uma sabedoria invejável. Pessoas que moram de aluguel, mas que possuem luz própria. Que sorriem mesmo que lhe faltam alguns dentes. Pessoas que são felizes (e elegantes) com tão pouco.


Calçando chinelos e vestindo uma bermuda e uma camiseta gasta, a simplicidade foi a primeira a desfilar na passarela da vida. Ela estava impecável, pois mostrou o que guardava dentro de si, a sua essência e sua delicadeza. A extravagância veio logo depois. Muitas estavam com ela. Com o brilho exagerado, deu para perceber que estavam bem enfeitadas, mas eram vazias, sem conteúdo. Pessoas extravagantes são muitas. Pessoas elegantes são raras. Elegância a gente não veste, a gente carrega. Chique mesmo é ser simples e elegante de alma. Isso não sai de moda.

Comments


bottom of page