Piscamos e já é final de ano de novo. Só fomos rasgando as folhas do calendário para dar conta do outro mês que recém começou e já está passando da metade. Mal iniciou a segunda e já estamos esperando pela sexta. Estamos sempre pensando no que iremos fazer depois de terminar o que estamos fazendo. E tem sempre uma lista enorme de pendências. E o resultado não poderia ser diferente: uma sociedade cada vez mais ansiosa e apressada.
Aceleramos os áudios do WhatsApp. Pulamos as aberturas das séries e dos filmes. Aceitamos os termos e condições de qualquer coisa sem nem ler o início. “Como está a vida?”, perguntam. “Uma correria danada!”, respondemos já com tanta naturalidade. E sem perceber, nos tornamos cada vez mais robotizados, sem olhar para o lado. Esquecemos de apreciar as entrelinhas do cotidiano. De tanta preocupação com o amanhã vamos deixando de aproveitar o agora. A rotina cansativa nos impede de notar as singelezas do caminho.
Estamos sempre correndo e não percebemos os pequenos milagres do dia a dia. A pressa nos dificulta enxergar o que está ali do nosso lado: os pássaros cantando, as folhas das árvores balançando, as flores nascendo… Enquanto esperamos momentos extraordinários para contemplar, a vida passa. Ela acontece no intervalo da pressa. Como li no clássico “As coisas que você só vê quando desacelera”: “na vida há muito mais momentos comuns do que extraordinários. Esperamos na fila do mercado. Passamos horas indo para o trabalho. Regamos as plantas e alimentamos nossos animais de estimação. Felicidade é encontrar instantes de alegria nesses momentos corriqueiros.”
Só conseguimos perceber a beleza desses detalhes cotidianos quando saímos do piloto automático. Quando desaceleramos, passamos a valorizar os pequenos gestos. Passamos a apreciar mais o pôr do sol, o cheirinho de café passado e o abraço de quem amamos. A pressa nos coloca uma venda nos olhos. E tem mais, damos tanta importância para coisas que não têm importância alguma e perdemos muito tempo até compreender isso, de fato. Talvez a vida não seja breve. Ela é suficiente. Nós é que perdemos tempo com coisas inúteis e esquecemos de apreciar a beleza daquilo que nos rodeia.
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