Semana das Crianças. Olhando os álbuns com as fotos de quando eu era pequeno me remeti a muitas lembranças. Quem me conheceu menor, sabe que sempre tive comigo uma fiel escudeira, a minha câmera fotográfica de brinquedo (que segue comigo até hoje). Mesmo que ela não registrasse nada de fato, vivi grandes momentos ao lado dela. Ah se ela falasse. Ela conseguiria contar como era aquele menino tímido, bochechudo e com quantia generosa de uma coisa meio escassa em mim hoje, cabelos.
Diariamente me pergunto o que aquele Gustavo criança estaria achando do Gustavo, hoje jovem adulto e um aprendiz da vida. Esse questionamento começou a se intensificar a partir de quando participei de uma palestra em que fui instruído a olhar para dentro de mim. Após essa introspecção eu deveria responder a pergunta: “a criança que eu fui sentiria orgulho, pena ou vergonha de quem eu me tornei?” O palestrante deixava a pergunta no ar por uns segundos e ninguém precisava responder em voz alta. Mas o alerta vinha adiante: “se não for orgulho, então mexa-se. Ainda há tempo!”
Talvez o Gustavo criança estaria se matando de rir com o meu jeito desengonçado e bipolar de ser. Ele também estaria bem apavorado com os perrengues que eu tenho passado e com o meu desafio diário de lidar com a timidez e a ansiedade. O Gustavo criança estaria chateado com todos que já me abandonaram pelo caminho, mas seria eternamente grato por aqueles que nunca soltaram a minha mão, mesmo nas horas em que tudo parecia estar perdido.
Sobretudo, faço com que aquele Gustavo criança também perceba que tenho tentado me tornar uma pessoa melhor a cada dia, procurando fazer o bem e evoluir conforme as situações que são apresentadas. Me esforço para que aquele Gustavo criança entenda que é preferível deitar a cabeça no travesseiro com a consciência tranquila do que ter sempre a razão, que é melhor ficar calado e garantir paz no coração. Estou me saindo bem? Bom, isso não sou eu que devo responder, mas a minha criança interior. Aquela que segue viva aqui dentro. E pelo jeito saltitante daquele Gustavo criança em meu peito, devo estar no caminho certo.
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