Fiquei admirado com a reação de uma amiga e colega de profissão depois que elogiei uma crônica sua, daquelas que ela me manda semanalmente. Ao parabenizar pelo seu texto inspirador, característico dela, ela respondeu dizendo que precisamos, de alguma forma, tocar o coração das pessoas. “Palavras são como abraços”, continuava ela. “Já que gostamos tanto de escrever, que a gente possa abraçar por meio delas”. Essa explicação poética também serviu como um abraço. Daqueles bem calorosos e cheios de significado.
Eis o poder das palavras. Elas podem curar, mas também podem ferir. Elas podem alegrar muita gente, mas também podem entristecer outras. Eu, que sempre tive elas como companheiras do meu ofício e dos meus hobbies, ainda estou aprendendo a manipulá-las. É necessário ter muito cuidado e prudência, assim como quando precisamos manusear um copo de vidro em pedaços. Procuro ter em meu vocabulário só as que fazem bem e as que edificam. Aos poucos, estou riscando do meu dicionário aquelas que desanimam e deprimem.
Todos os dias recorremos às palavras para nos comunicarmos com as outras pessoas. Por que não utilizá-las da melhor forma? Por qual motivo ainda preferimos proferi-las para humilhar, para xingar e para espalhar fofocas? Até mesmo quando ficamos “sem palavras”, evocamos elas para explicar a nossa comoção. Nem sempre consigo estar presente “de corpo e alma” com as pessoas, em todo o tempo e em todos os lugares, mas aproveito as palavras como minhas mensageiras de sentimentos e emoções. Elas são meus pombos-correios da paz. E agora aprendi com minha amiga que por meio das palavras também posso abraçar as pessoas, tocá-las e tê-las por mais perto mesmo quando tão distantes.
Um amigo perdeu a esposa e não pude ir no velório, mas tentei transmiti-lo palavras que consolam nesse momento tão doloroso. Outro amigo conseguiu ampliar o seu empreendimento, e ainda não pude ir prestigiar o local, mas enviei palavras de apoio e incentivo. Para a amiga que decidiu trocar de curso, dirigi palavras que motivam e encorajam. Para o amigo que descobriu que será papai, enderecei palavras que alegram e abençoam. Ao amigo que publicou seu primeiro livro, mandei palavras de entusiasmo e felicidade. Se for preciso, que nesse mundo com palavras tão truculentas e maldosas, possamos ser os disseminadores de palavras de leveza e de inspiração. Que você possa se sentir abraçado por essas palavras que acabou de ler. É apenas a minha forma de dizer “estamos juntos, conta comigo!”.
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