Demorei muito para entender que o que é para ser nosso dá um jeito de chegar até nós, mais cedo ou mais tarde. Precisei derramar muitas lágrimas para compreender que Deus coloca no lugar na hora certa. E se não veio, ainda não é o momento. Certa vez conversando com uma pessoa, comentei sobre o meu medo de que as pessoas que amo fossem embora. Ela declarou não ter o mesmo receio: “quem é para ficar, ficará. E se alguém for embora, era para ser assim”. Parece ironia, mas ela não está mais na minha vida.
Nesses dias voltei a pensar nisso novamente e como se fosse uma confirmação, uma frase surgiu como um tapa em minha cara. “Nunca vi árvore insistindo para que a folha ficasse”, dizia. Já entendi! Até a natureza ensina que não precisamos forçar nada para alcançar o que é nosso. Logicamente, não devemos ficar de braços cruzados, mas sim, fazendo a nossa parte. E o que for verdadeiramente para ser nosso, vai fluir naturalmente e chegará até nós.
Não há coisa mais desagradável do que uma roupa ou um calçado muito apertado. Pode ser que a gente aguente um pouco da dor e se acostume com ela, mas isso causará danos maiores depois. Não é diferente ao se tratar do amor. Fluir é bem diferente de forçar. Não precisa de esforço desnecessário e desgaste emocional. Pelo contrário, para fluir precisamos de conexões saudáveis, que sejam marcadas pela troca,
sintonia e reciprocidade. Que a gente insista em quem insiste na gente e que ficamos ao lado de quem queira a nossa companhia. O amor é uma via de mão dupla e que segue um percurso tão espontâneo que não precisa de GPS, mapa ou bússola. E mesmo assim chega ao destino certo.
Que possamos prestar atenção em quem ficou e em quem foi embora. Que sejamos agradecidos pelos imprevistos e pelos desvios de rota. Tudo isso nos guarda de lugares e de pessoas que não eram para a gente. Só vai ficar em nossa vida quem realmente precisa (e merece) ficar, aliás, só permanece conosco quem depois da nossa utilidade entende o nosso verdadeiro significado.
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