Antes de viajar, sempre tive dificuldade em fazer a bagagem. Acabo achando que tudo é essencial, que vou precisar de todas as coisas exatamente naqueles poucos dias. Penso que até objetos que não uso há tempos me farão falta naquele momento. Aos poucos, estou me controlando para carregar comigo somente o que é verdadeiramente necessário. Só o essencial.
E por falar em essencial, evoco um trecho do clássico “O Pequeno Príncipe” (que figura na lista dos meus livros de cabeceira). Você já deve ter lido por aí: “só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”. Essa é uma fala da raposa, como forma de ensinar que devemos deixar para lá as superficialidades e considerar o que realmente é importante. Também se refere ao nosso interior, que não pode ser visto com lentes e nem com microscópios.
Talvez você perceba que o essencial, como algo fundamental e necessário para se carregar, e o essencial, da essência, pareçam ser distintos, mas saiba que estão intrinsecamente ligados. Ainda quero esclarecer que valorizar o essencial não tem nada a ver com contentar-se com o mínimo, seja no que for. O essencial diz respeito a transparecer o seu âmago em tudo que faz. Também é sobre não carregar pesos desnecessários e não comprar brigas que nem são nossas. O essencial é preferir ficar calado do que arriscar utilizar as palavras de forma equivocada. O essencial é apreciar os detalhes, mas ao mesmo tempo não se apegar à futilidades.
O essencial é simples, mas quem disse que a simplicidade não é bela? Devemos analisar a nossa bagagem da vida e verificar se estamos levando conosco só o que é bom e leve. Precisamos aprender a carregar só o que realmente vale a pena. Se desfazer do que não presta. Jogar fora o que não edifica. Descartar sentimentos que não fluem. Mágoa e rancor só destroem a nós mesmos. Que possamos colocar na bagagem somente o que for essencial, senão no final ainda teremos que pagar por excesso de carga. E tem mais, gente carregada demais também não voa. Leve consigo só o essencial.
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