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Coluna de Sexta - 10/02/2023: Liberdade ou solidão?

Foto do escritor: Gustavo Tamagno MartinsGustavo Tamagno Martins

Ilustração: Pascal Campion

Minutos antes de eu conceder entrevista para a rádio, eu e um amigo engatamos uma conversa que se desencadeou depois de ele me pedir se eu estava nervoso para o lançamento do meu novo livro. Chegamos a uma conclusão: o fato de sermos introvertidos faz com que a nossa bateria social descarregue com mais facilidade. Por mais que a gente goste muito do contato com as pessoas e de estar cercado por elas, a nossa timidez tenta a todo momento nos emitir um sinal de alerta: contato social significa ameaça. Ela quer nos mostrar que se ficarmos sozinhos será mais confortável e evitaremos qualquer embaraço ou frustração. Em certo ponto, parece que se estivermos a sós, ninguém vai rir da gente e não vamos passar por nenhum tipo de vergonha.


A dor de barriga é uma das tantas reações de nervosismo nas pessoas. Para os tímidos, não é diferente. Quando precisamos fazer alguma interação social ou comparecer em algum lugar/evento que tenha grande envolvimento de pessoas, nossa timidez já reconhece como indicador de perigo. Justamente porque nós, os tímidos, preferimos ficar nos bastidores, não na linha de frente. Nos é mais cômodo “não chamar a atenção”. E por vezes, esses reflexos da introversão nos tornam pessoas mais seletivas e que apreciam muito a própria companhia. Não é que não gostamos do contato com as pessoas, pelo contrário, precisamos desse tempo sozinhos para recarregarmos as baterias e podermos voltar melhores para esse convívio. Além de que esse olhar introspectivo e essa pausa para balanço interno são fundamentais para qualquer ser humano.


Lembro que há algum tempo, nas redes sociais, circularam memes de pessoas sentadas sozinhas em mesas de bares e restaurantes. A legenda vinha acompanhada por uma pergunta: “liberdade ou solidão?”. Na minha opinião, a resposta mais adequada é: a pessoa que decide. Esse dilema pode ser solucionado a partir da análise de duas principais questões: se você gosta da sua própria companhia e se você depende do outro para se sentir feliz e completo. Esse não é um teste de personalidade, para descobrir qual personagem animado você é, mas nos faz refletir sobre o quanto é importante, antes de qualquer relacionamento ou convívio alheio, ter uma relação saudável com nós mesmos. Eu e eu mesmo. Você e você mesmo. Precisamos dessa convivência com as pessoas e desse calor humano, mas sobretudo necessitamos reservar um tempo para bater um papo cabeça com nosso eu interior e escutar as interferências que ele sofre a partir dessas nossas vivências. Se você se encontrar sentado em uma mesa de restaurante sozinho, isso representará liberdade ou solidão? Você tem o poder de escolher.

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