Um dos momentos em que começamos a provar o quanto amargo é se tornar adulto, ainda na adolescência, é quando precisamos tomar decisões. E mais do que isso, quando percebemos que essas decisões podem gerar consequências - algumas para a vida inteira, inclusive. Aos poucos, vamos sentindo o peso e a responsabilidade dessa “liberdade de escolher”, que tanto almejamos quando somos crianças. Qual a profissão que vamos seguir? Aquela que brilha o nosso olho ou aquela que nossos pais querem que a gente siga? Qual faculdade vamos cursar? A que tanto sonhamos ou uma que vai nos dar um maior retorno financeiro mesmo que a gente não curta tanto? Como bem pontuou Sartre, um dos grandes pensadores do século XX, a vida é um equilíbrio entre as escolhas e as consequências. É como andar numa corda bamba o tempo todo.
Todos os dias somos obrigados a escolher - e não escolher nada também já é uma escolha. Nem sempre (ou quase nunca) vamos fazer a escolha certa. Apenas vamos precisar aceitar o efeito que as decisões erradas irão gerar. É preciso entender, sem choro, que será necessário recalcular a rota. Pode ser que algumas vezes a gente escolha um atalho para encurtar o caminho, mas precise andar ainda mais depois para retornar ao trajeto certo.
Não descarto a teoria de que somos o resultado das nossas viagens, das nossas leituras, das pessoas que nos cercam e das trocas que temos com elas. Mas acrescento que também somos o resultado das escolhas que fazemos (ou deixamos de fazer). Apesar de que muita coisa foge do nosso controle, nós temos o livre-arbítrio para poder escolher bastante delas ainda. Escolhemos como vivemos, quais pessoas nos rodeiam, os sentimentos que emitimos… por menor que sejam, são essas escolhas que moldam a nossa trajetória. Elas decidem o rumo que a nossa vida toma e quem nos tornamos ao longo do percurso.
Insistir ou deixar pra lá. Permanecer onde está ou partir em outras direções. Preferir as pessoas que te façam perder a hora ou pessoas que te façam perder tempo. Optar por quem dispara o nosso coração ou por quem desarma nossos gatilhos. Selecionar o amor ou a paixão. Priorizar o que a gente merece ou o que a gente aceita. Nós que escolhemos e nós mesmos que faremos a colheita. É sobre quais sementes escolhemos plantar. Mas também é sobre compreender que elas vão definir os frutos que vamos colher mais adiante.
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