Você já percebeu que a parte da nossa vida que as pessoas conhecem é apenas a ponta do iceberg? O que os outros sabem sobre nós não é nada perto do que enfrentamos silenciosamente nos bastidores. Ninguém vê a gente dormindo tarde e acordando cedo. Ninguém percebe quando abrimos mão de muitas coisas para priorizar os nossos sonhos. Ninguém assiste o quanto a gente se sacrifica e o quanto a gente chora. E nem as vezes em que a gente tem vontade de jogar tudo para o alto. Mas nós persistimos e continuamos nos dedicando. Aí quando alcançamos o que tanto queremos tem alguns que ousam em definir como sorte. Os outros notam o resultado, mas não se dão conta do percurso e do processo.
Um tempo atrás fui convidado por uma amiga escritora a escrever o prefácio da nova edição do seu livro. Para não dar spoiler do enredo e nem encher linguiça divagando, levei o leitor para refletir de que também somos resultados do que abrimos mão. Somos consequência também dos “nãos” que precisamos dar para priorizar nossos objetivos. Nos tornamos o que somos também por causa das nossas renúncias. Não tem como passarmos ilesos pelo caminho sem sentir, sem viver e sem amar. Somos o que somos por conta dos obstáculos que passamos por cima, dos fracassos que superamos e das adversidades que precisamos aguentar. Não que sejamos o que acontece conosco propriamente, mas sim, o que fizemos com o que ocorre com a gente e como reagimos a isso.
Há outro ditado que diz que quem sabe a quentura da panela é a colher que mexe, ou seja, é só nós mesmos que conhecemos as lutas internas que enfrentamos. Quem está na plateia não vê o quanto batalhamos e nos preparamos. E no final, aplaudem o que apresentamos sem saber nem metade do que passamos para chegar lá. Talvez alguns questionem o como conseguimos, justamente porque não assistiram o que aconteceu atrás das cortinas, e vão dizer que foi sorte. Eu ouso mais do que eles. Quando a sorte veio bater na minha porta, me encontrou ocupado e nem conseguiu entrar. Aliás, o que as pessoas por aí chamam de sorte, eu defino como a mistura de esforço, dedicação e a mão de Deus.
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